quinta-feira, 19 de junho de 2008

Grupo Amorim suspeito de branqueamento e fraude fiscal

Copiados discos rígidos para cruzar informações suspeitas de facturas falsas, fuga fiscal com recurso a off-shores
Equipas mistas do Ministério Público e da Administração Fiscal procederam ontem a buscas a empresas lideradas por Américo Amorim, no âmbito da 'Operação Furacão'. A operação teve como base suspeitas de utilização de facturas falsas, triangulação comercial para lavagem fiscal de dinheiro e branqueamento de capitais com utilização de off-shores, de acordo com fontes do DN."A Corticeira Amorim confirma buscas à sociedade e a outras empresas do grupo pela inspecção tributária e Brigada Fiscal", diz, em comunicado, ontem ao princípio da tarde, o Grupo Amorim. As buscas tiveram lugar em Mozelos e Santa Maria de Lamas, no concelho de Santa Maria da Feira, Porto.Sociedades da área comercial, produção e sector imobiliário - actualmente incorporada na empresa espanhola Chamartin - concentram as investigações da equipa de inspectores tributários e do Ministério Público, liderada pelo procurador Rosário Teixeira, do DCIAP. Nas buscas, que tiveram apoio da brigada fiscal da GNR, foi apreendida documentação contabilística e copiados discos de diversos computadores.Os investigadores suspeitam de fuga fiscal com o recurso a sociedades--fantasma sediadas no estrangeiro, após terem sido confiscadas informações bancárias em buscas realizadas nos últimos três anos. As operações típicas de lavagem fiscal "obrigam" os fornecedores tradicionais de matérias-primas a facturarem a sociedades fantasmas, controladas pelos grupos portugueses. Estas últimas "refacturam" às empresas nacionais, por montantes superiores. Ou seja, o dinheiro destinado a pagar as matérias-primas sai directamente para as contas bancárias das sociedades-fantasma.O valor real da mercadoria é paga ao fornecedor das matérias-primas e o remanescente - a diferença entre o valor real e a "refactura" - é canalizado para uma conta off-shore controlada pelos administradores portugueses. A triangulação, permite fugir ao Fisco, para além de promover enriquecimentos ilícitos e descapitalização das sociedades. A 'Operação Furacão' é um processo que já contabiliza mais de 250 arguidos. No princípio desta semana, a equipa liderada pelo procurador Rosário Teixeira efectuou buscas, nos Açores, à Fábrica de Tabacos Estrela, controlada pela Madeirense de Tabacos dos empresários Joe Berardo e Horácio Roque. Aliás, aos grupos não financeiros dos dois empresários já se realizaram 15 buscas.Já em Maio, a seguradora Europe Assistance, do grupo BES, foi alvo de visitas das equipas de investigação e, na Madeira, foram realizadas buscas ao empresário e comendador Jorge de Sá, líder dos supermercados Sá. A maior construtora da Madeira, a Avelino Farinha Agrela, foi também o alvo de inspecções das equipas mistas que conduzem este vasto processo. Ontem, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, confrontado com as buscas ao Grupo Amorim, limitou-se a dizer que vê "com agrado que a operação esteja a avançar
Fonte: Diário de Notícias

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