terça-feira, 23 de setembro de 2008

Malparado aumenta 16% no crédito à habitação

Crise e subida dos juros estão a aumentar o número de famílias que não conseguem pagar as suas prestações mensais dos créditos. O malparado dispara todos os meses nos empréstimos ao consumo e já começa a apresentar níveis preocupantes nos destinados à compra de casa
Os portugueses enfrentam cada vez maiores dificuldades no pagamento dos seus créditos, com o aumento do malparado a chegar já, com mais intensidade, aos empréstimos à habitação.Em Julho último, o rácio de crédito de cobrança duvidosa sobre o total concedido para a compra de casa ascendia a 1,4%, mais 16,4% que em Julho do ano passado, quando o rácio era de 1,2%. Em termos absolutos, os 1,4 mil milhões de euros em atraso no pagamento deste tipo de crédito aumentaram 22% face a igual mês do ano passado, de acordo com os dados do boletim estatístico de Setembro do Banco de Portugal, ontem divulgado.Este crescimento denota as dificuldades de muitos portugueses em continuar a pagar as suas prestações do crédito à habitação, numa altura em que o total de crédito concedido para a compra de casa continua a desacelerar: em Julho, o seu aumento era de 8,9% face a mês homólogo do ano passado, totalizando 105 mil milhões de euros.O agravamento do malparado é igualmente significativo no total de crédito concedido a particulares. O rácio de incumprimento passou para 2% do total concedido em Julho, ascendendo a 2,7 mil milhões de euros. Trata-se de um aumento de 11% no rácio e de um crescimento de 24,2%, nos montantes absolutos em cobrança duvidosa.O total de empréstimos concedidos a particulares cresceu 9,6% de Julho a Julho, tendo chegado aos 133,1 mil milhões de euros.Os empréstimos destinados a financiar o consumo continuam a apresentar o mais elevado nível de sinistralidade. Nos primeiros sete meses de 2008 ascende já a 678 milhões de euros o total de crédito em incumprimento, mais 67% que em igual mês do ano passado.O rácio de incumprimento do crédito ao consumo sobre o total atribuído pela banca para este efeito era, em Julho, de 4,5%, contra 3,3% em igual mês de 2007, o que representa um aumento de 36,3% neste rácio. Em época de crise financeira, as famílias em dificuldades optam por deixar de pagar, em primeiro lugar, as prestações dos empréstimos para a compra de carro, computador ou outros bens de consumo, sem garantias reais associadas.No que respeita às empresas, o cenário também não é animador. O crédito em cobrança duvidosa destinado a este segmento ascende a 2,1 mil milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 26% em termos absolutos, tendo em conta que em Julho do ano passado o total em incumprimento nas mãos das empresas ascendia a 1,6 mil milhões de euros.Em relação ao crédito concedido a empresas, os montantes de cobrança duvidosa correspondem a 1,9% do total, contra 1,7% em Julho de 2007, o que se traduz num agravamento de 11,7%.Nos primeiros sete meses de 2008, o total de empréstimos atribuídos a empresas por instituições de crédito em Portugal ascendia a 109 mil milhões de euros.
Fonte: Diário de Notícias

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