segunda-feira, 16 de junho de 2008

EDP Renováveis acumulou perda de 230 milhões em oito dias

Apenas os trabalhadores do grupo estão a ganhar dinheiroValor da carteira dos pequenos investidores caiu em 77,5 eurosO balanço dos primeiros oito dias em bolsa da EDP Renováveis é negativo. Negativo para a empresa - que perdeu 230 milhões do seu valor - e negativo para os pequenos investidores, que viram o seu investimento reduzir-se em 77,5 euros. O mau momento dos mercados financeiros, as quedas registadas pela congénere espanhola Iberdrola Renovables e o papel nocivo de alguns dos grandes investidores a quem a EDP decidiu vender acções, explicam a queda das cotações. Os títulos da EDP Renováveis fecharam, na sexta-feira, a valer 7,75 euros, um preço que representa uma descida de 3,1% face aos oito euros a que foram vendidos na oferta pública de subscrição (OPS) que conduziu à sua estreia em bolsa. Com esta evolução, a empresa vale agora no mercado 6,98 mil milhões de euros, menos 230 milhões do que no minuto em que começou a negociar no Euronext Lisboa, há semana e meia. Do ponto de vista dos quase 160 mil pequenos investidores que canalizaram parte das suas poupanças para o capital da empresa de energias renováveis - mais concretamente 2480 euros para quem ficou com 310 acções correspondentes à ordem máxima na OPS -, já acumula perdas de 77,5 euros. Um prejuízo a que se juntam ainda as comissões de bolsa praticadas pelos bancos, bem como os eventuais custos com empréstimos bancários contraídos para financiar a compra de acções (e que têm taxas de juro médias na ordem dos 6%). Refira-se que apenas os trabalhadores gozam de um saldo positivo, tendo em conta que beneficiaram de um desconto de 5% para comprar títulos a 7,65 euros. No entanto, não podem movimentar o seu investimento até 17 de Julho. Contexto penalizadorA EDP Renováveis entrou em bolsa num dos piores momentos da história recente dos mercados financeiros. O petróleo continua imparável na sua escalada de recordes sucessivos. As economias mais desenvolvidas estão a abrandar de forma acentuada, ao mesmo tempo que a inflação dispara devido às despesas com energia e alimentos caros. Em paralelo com o cenário macroeconómico, desde o Verão passado que as operações em bolsa estão limitadas pelos problemas provocados por uma crise financeira grave que nasceu no sector hipotecário de alto risco nos Estados Unidos (subprime). O sector bancário continua a resistir a emprestar dinheiro entre si e aos clientes, o que fez subir as taxas Euribor para níveis historicamente elevados. Neste contexto, uma estreia em bolsa seria sempre uma operação de risco. Um sinal disso mesmo é o facto de a EDP Renováveis ter sido a maior entrada em bolsa da Europa em 2008. Não tanto pela sua dimensão - que, ainda assim, a torna das maiores da Bolsa de Lisboa -, mas mais pelo facto de o resto dos mercados estarem relativamente parados.A par do momento geral vivido nas bolsas internacionais, a empresa portuguesa sofreu também com a influência negativa da sua concorrente mais directamente comparável. Desde que a EDP Renováveis está em bolsa, a espanhola Iberdrola Renovables perdeu 4%, mais um sintoma da penalização que este sector tem vindo a sofrer nas últimas sessões.
Fonte: Diário de Notícias

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